Quantas vezes eu já vi essa cena: estou ali de boas, andando na miniramp do IAPI quando passa alguém de longboard (especialmente se for uma guria) e um moleque grita “manda um flip”! E racha o bico rindo com os amigos.
Ou então aqueles comentários ridículos (inclusive muitas vezes homofóbicos, se for um cara embalando!) quando passa alguém em um mini cruiser…
Também já tive o desprazer de escutar relatos de praticantes de freestyle contando já terem escutado que aquilo não era “skate de verdade”. Pô, o freestyle já era praticado muito tempo antes da galera começar a andar nas piscinas!
Gente, onde está aquela tão pregada união entre skatistas?
A tal inclusão, o sentimento de família, de pertencimento, no tão aclamado “esporte individual mais coletivo do mundo”?
Queria ver um desses caras (sim, porque são sempre skatistas homens que largam estas piadinhas) pegar um longboard freestyle e sair mandando um Hang Ten Nose Manual, depois um 180 No Comply e terminar com o famigerado Kick Flip!
Ou então subir em um skate com shape 7.3”, trucks 126mm e mandar um Primo Slide, ou um Casper seguido por um Walk The Dog…
E nem vou falar de simplesmente “apenas” dropar um Half de 4,20m ou descer uma ladeira a quase 90km/h porque que pode dar morte. Ou no mínimo mais um vídeo para o Hall of Meat!
Estes dias vi uma discussão acalorada sobre o que era e o que não era considerado skate (ou modalidade do skate, mais propriamente). Li vários comentários desmerecendo o longboard dancing e no fim terminou sobrando para os skates simuladores de surf. Coisas de todo tipo, desde “skateshop que se preze não vende essa m3$#@” a “esse frankenstein não é surf nem skate”, passando por vários outros comentários destilando ódio.
Ok, pode até não ser surf, por não estar sendo praticado na água, ou nem simular os movimentos do surf, mas isso quem deveria decidir são os surfistas, não nós.
Mas com certeza é skateboarding sim! Um shape, um par de trucks, 4 rodinhas… o que tem de não-skate nisso?
Pode até não ser uma “modalidade”, porque pra mim isso já implica em ter campeonatos e tal, mas definitivamente são formas diferentes de andar de skate.
Quero ver alguém ter a coragem de dizer que por serem diferentes, os famosos 8 Wheelers também não devem ser considerados skates.
Mas sério galera, qual é o problema de vocês? Agora para ser skate tem que ser street?
Existem umas quantas outras modalidades (ou maneiras de andar) de skate como o downhill speed, slide, slalom, vert, bowl, cruising e por aí vai.
E tudo isso é skateboarding!
Reservem um tempinho para ver alguns vídeos de diferentes modalidades e vamos parar com esse preconceito interno, né? Já basta com o que sofremos por parte da sociedade em geral.
Quando vê, algum movimento, alguma trick de uma outra vertente do skate pode te inspirar a tentar algo diferente, único – e que pode até ser o diferencial para ganhar aquele latão de energético apostado no game!
Que tal abrir um pouco a mente e transformar todo esse ranço em união, em amizades, em novas experiências e quem sabe, até em uma nova modalidade para ti?
Uma lenda viva do skate aqui do sul, o mestre Renato Juruba, uma vez me disse em uma conversa: “Max Rivera, o cara tem que ser overall, tem que saber se divertir em todos tipos de skate!”
Tu está super certo, Juruba. Muito obrigado pelo ensinamento.
Max Rivera Skatista oldschool, anda de skate por puro amor ao carrinho. Criador da Lisco Skateboarding Co. e entusiasta do skate feminino. Vive o skate no seu dia a dia, entusiasta do skate for fun, antes de mais nada. Porque a base de tudo ainda é aquela session com a galera, a resenha, as risadas e a diversão. A evolução e as tricks são consequência. . |