Gostaria de já começar dizendo que eu sei que muitos sempre olharam para o skate como um pedaço de madeira com trucks e rodinhas, mas neste caso eu queria abordar os outros que como eu se encantaram com seu primeiro carrinho.
Esse é um momento único e significante na vida de alguns skatistas, o momento que pode definir o futuro do indivíduo com o skate. Quem já passou por isso compreende o que é levar o skate para tudo quanto é lado, tratá-lo como um membro da família e estar no sistema “go for it” 100% do tempo! E aqui eu não estou nem falando ainda de andar de skate, mas a sua primeira relação com o carrinho mesmo. Basicamente uma relação de amor com um objeto que até então era inanimado, mas agora tem vida e você praticamente se vê falando com ele.
Lembrando que a maioria começa andando com o skate de outra pessoa, e que isso cria uma questão a mais: a de olhar para aquele skate e pensar “Cara, esse deve ser o melhor skate do mundo!” Mesmo quando claramente ele nem é tudo isso, mas ele é o skate que você tem por perto para andar e isso já o torna o melhor.
Agora normalmente, eu espero, este primeiro contato pode vir acompanhado do real aprendizado, aprendendo a dar impulso, a dar batidas, os primeiros manuais, até chegar no primeiro ollie... Quem não se lembra de quebrar a cabeça para entender como fazia para bater um ollie? Olhava para os outros que mandavam na maior naturalidade sem entender por que o seu era basicamente levantar o nose e abaixar, até chegar no momento derradeiro, quando numa dessas tentativas você sente que algo mudou e continua tentando, mas dentre tantos erros você começa a reparar que alguns estão começando a sair do chão. E é nesse momento que se faz clara a frase do Marcelo D2 “Skate na veia, só quem tem sabe como é que é a sensação e o poder de dar um ollie air”, e isso é algo que quem não anda nunca vai entender. A sensação é única e indescritível, algo que te faz querer tentar mais rápido e mais alto é o tipo da coisa que só o skate proporciona, a quebra da física, a certeza de que seu ollie levou uns 20 segundos no ar e depois ver no vídeo que foi baixo para caral#@ e não durou nem dois segundos. Vai, quem nunca deu dessas está mentindo, no mínimo! Hahaha!
Me arrisco a dizer que depois de tudo isso já é tarde para dizer que sua mente mudou. Neste momento você sem perceber começa a enxergar possibilidades de skate em todo lugar. Você vislumbra ver manobras possíveis e impossíveis nos locais mais inusitados. Pensando agora, quantos já não tinham visto aquele half pipe na Ponte Estaiada em São Paulo e pensado em como seria louco usá-lo? Até o mestre Sandro Dias “Mineirinho” realizar o sonho de muitos! Sem contar também o “sentido skate” que vem junto no pacote; aquela coisa de que se ouviu um barulho de skate você já automaticamente levanta a cabeça e procura quem está andando, ou mesmo sabe diferenciar o som de um skate de sons aleatórios da cidade. Até hoje eu pareço um cachorro quando ouço um som relativo a comida toda vez que passa alguém andando de skate por aqui.
Só para encerrar, eu tentei juntar aqui as coisas mais em comum pelas quais passamos no início da nossa vida de skatista, aquelas coisas que são unânimes, pois sabemos bem que skate é diferente para cada um de nós, mas todos passamos por essas sensações em algum momento do rolê da vida. #eusouskatista
Marcelo Sanzoni Skatista, com o trabalho em mídia no Canal Eu Sou Skatista desde 2016, militante do skate e sempre focado em divulgar a cultura e a essência do skate, transmitindo pelo menos duas lives por semana no Instagram a mais de um ano e dando voz a lendas, skatistas do dia a dia e fomentadores do skate, aquele que já entrevistou do menino do bairro até Sergio Negão e Tony Hawk, sempre por amor ao skate!. |