Por: Monica Polistchuk
Quarta à noite, aqui em Londres, é skate night na Bay66, então lá vamos nós.
Chegando lá na entrada o cara pergunta da onde eu venho:
-Wimbledon, 45 min de pedal.
- Nossa... e vai dar um rolê e voltar nessa garoa ?
- Claro, preciso pedalar 2 horas por dia para continuar no skate pois meus joelhos já eram .
O cara dá uma gargalhada e diz: é sister, aqui você não paga, vem andar com a gente a hora que quiser.
Entende? E assim vamos fazendo o que gostamos se readaptando e continuando na essência.
Quando chego no pico continuo sendo minoria devido à idade , garotas hoje em dia temos mais, mas nos 50 e acima somos poucas, mas estamos vivas e ativas, espalhadas pelos cantos desse mundão que graças a internet nos mantém próximas suficientes para nos incentivarmos umas as outras.
Hoje a cena do skate feminino mudou bastante, e só vai melhorando. Garotas se inspiram em outras skatistas, se vestem como garotas ,digo se produzem ,e se unem para uma sessão for fun.
De outro lado, aquela que quer ser atleta está bem mais fácil, mas não ideal ainda, skateboard não é fácil precisa treino e treinar alguém precisa suporte e isso ainda estamos em falta.
Mas prefiro acreditar que estamos em evolução.
Um parênteses no passado, por exemplo campeonato de street “Acorde isto é skate” organizado pela Mad Rats em 1986, era época que começou o street skate e um dos lances era varar rampinha. Éramos 5 garotas competindo para mais ou menos 100 moleques no geral. Você chega no local domingo de manhã, aquece e logo começa o campeonato. Agora eu pergunto: como vai ser isso?! Bom, para treinar nessa rampa eram uns 30 tentando dar impulso e varar a rampa primeiro e assim que tocar o chão vaza pois tem outro vindo atrás, caos total, era assim que eu garanti minha igualdade na cena do skate, impulso e voa, nem passava na minha cabeça. Reclamar pelos meus direitos, eu só queria estar ali e curtir aquela session e varar aquela rampinha. Tenho certeza que fiz muito moleque passar raiva.
Tenho certeza que o resultado daqui a alguns anos, será incrível. Onde muitos trabalhos surgirão e mais mulheres estarão aptas a atuarem diretamente na execução dessas funções, nas diversas áreas do universo skate. Por mais mulheres vivendo o skateboard. BOMDROP! eternamente Christie Aleixo | É visível como a força feminina é grande quando estamos juntas. Já somos muitas, apenas não somo vistas, tenho esperança que os movimentos que estão sendo organizados pelas skatistas Brasil afora vão alavancar nossa visibilidade e nos próximos anos teremos uma crescente no downhill, assim como nas outras modalidades. Melissa Brogni |
Minha geração veio um pouco depois da Karen jonz e já havia algumas mulheres na pista mais eram poucas..negras então..bem difícil. Hoje contínuo na resiliência como profissional feminino do skate pra quebrar essa barreira e mostrar que estamos capacitadas o tempo todo. O que falta é incluir , falta oportunidades reais ainda pra que possamos de verdade conseguir viver do skate que é minha profissão. Faço todo esse corre pra mim e para as próximas gerações, pra que tenham novas profissionais negras na lista junto comigo nos próximos anos. Debora Oliveira - Badel | Cada vez mais a cena do skate feminino vem crescendo. Mais ainda com a entrada do skate nas Olimpíadas. Fico impressionada com a nova geração de meninas pequenas andando de skate, parece que vieram com a mente sem qualquer limitação, elas acreditam que são capazes de realizarem o que quiserem, e realmente são! Mesmo eu sendo skatista profissional e já tendo realizado vários dos meus sonhos, quando vejo essas meninas, percebo que mesmo inconscientemente eu já me limitei por achar que algumas manobras só os meninos conseguiam. Me sinto animada e mais motivada ainda vendo essa nova geração sem limites, e por estar vivendo esse momento tão especial pro skate feminino. Yndiara Asp |
Quando comecei a andar de skate não tinha internet. A divulgação do skate era feita em Zines, depois em revistas, e sempre com pouca participação de skatistas mulheres. Renata Paschini | Eu acho que as minas dessa geração foram muito resilientes. Foi uma geração do meio, que não sofreu os desafios físicos maiores da anterior, e não colheu frutos como a atual. Foi um momento de muito trabalho, como se as coisas tivessem já sido começadas, plantadas e precisassem ser cuidadas ali no dia dia. Ter sido uma skatista nos anos 2000 foi genial pra mim. Era olhada com estranhamento, desconfiança.. o que era horrível e legal ao mesmo tempo. Mas era novo, desconhecido, desafiador, criativo. Karen Jonz |
Hoje, como adulta, relembrando e comparando com skate feminino, fico muito feliz que as garotas ganharam espaço e podem curtir skate de uma forma mais tranquila, está tudo bem mais fácil, e sem dúvida que curti skate como deu e quero continuar curtindo conforme possível carregando uma gratidão em assistir toda essa evolução .
Let’s ride
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