Cri Duarte**
O que você espera do DHS ou do Longboard Downhill?
Estamos passando por um momento único na história da humanidade, mas algumas perguntas anteriores a esse momento ficam latentes ainda: pra onde vamos? O que queremos?
O DHS já foi a maior modalidade do skate brasileiro e hoje, apesar de excelentes representantes, não temos a mesma visibilidade de outrora. Assim, ficamos nos perguntando: onde foi que tudo isso se perdeu na história?
De protagonista a patinho feio do skate, indo na contramão de outras modalidades, por exemplo. Tudo isso em um curto espaço de tempo... O que houve?
Acho que alguns fatores causaram esse enfraquecimento do DHS e do Longboard. Antes não existiam tantas pistas como hoje e a construção de boas pistas aliada a facilidade de se praticar Street ou vertical acabaram contribuindo para o desinteresse gradativo da modalidade mais brasileira do skate. Sem contar, a mídia especializada que aos poucos foi diminuindo as matérias e as fotos de Skatistas do DHS, deixando de lado os grandes nomes foram migrando para outras modalidades. Mas, se esquecem que vieram do DHS, ou seja, são filhos das ladeiras!
Também não sabemos valorizar nossos "heróis" e comumente esquecemos seus nomes, suas lutas e as trajetórias daqueles que desbravaram nossa modalidade.
Se você chegar pra muitos da nova geração e perguntar o nome 5 skatistas dos anos 80, dificilmente eles te responderam. Porém, sabem o nome de praticamente todos skatistas da elite do street, por exemplo.
Não estimulamos novos nomes; não valorizamos as bases; brigamos por coisas pequenas e, ainda por cima, nos acostumamos a ser o lado B do skate. Não valorizamos quem devemos; não estimulamos novos adeptos; não vemos a força que temos e está dentro de cada um de nós…
Estamos perto fisicamente e anos luz de distância, tudo ao mesmo tempo.
Queremos ser valorizados e ter protagonismo, mas não queremos mudar. Achamos que devemos, mas não sabemos como. Não respeitamos nossa cena; não vemos vídeos da galera das ladeiras; não curtimos suas fotos. Preferimos achar que os de lá de fora são melhores, que seus equipamentos são mais bonitos e superiores em tudo. Falamos mal de nossos produtos e do nosso mercado; não valorizamos nossa mídia especializada e, nossos heróis são tratados com desdém.
Os mais velhos são colocados de lado, muitas vezes, e não conseguimos projetar esperança, a médio prazo, aqueles novos que chegam. Talvez por isso tantos valores não estão mais competindo ou praticando o downhill! Quase não estimulamos nossos profissionais a ficarem ativos.
Acho (e isso é minha opinião) que esperamos que alguma magia aconteça, que a cena fique forte como a de outras modalidades, que os investimentos sejam grandes nos diversos tipos de eventos, que os nossos principais nomes tenham condições de viver única e exclusivamente do Downhill, sem fazer nada que não seja apenas descer algumas ladeiras por dia! Mas, nos esquecemos que enquanto estamos esperando essa mágica acontecer, as modalidades que estão em alta tiveram lá atrás a visão que não temos hoje, de valorizar cada uma dessas peças.
O trabalho é duro, a estrada é longa, e a pergunta que fica é: você sabe seu lugar nessa história?
Cristiano Duarte Neto Skatista militante do Longboard e Downhill de diferentes vertentes, lojista, locutor, representante do Longboard e Downhill pela federação paulista de skate, produtor de conteúdo digital, organizador de eventos, anda de Skate desde 1986 e é apaixonado pelo que faz. |