Bom mesmo era no meu tempo!

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“Bom mesmo era no meu tempo! Aquilo sim era skate de verdade. E não isso que essa geração nutella, mimizenta e olímpica acha que faz...” - frase normalmente proferida por um tiozão em torno dos 40 anos (e que provavelmente esteja voltando a andar de skate depois de uns 25 anos parado). 

“Porque hoje o cara vai na skateshop e tem 53 tipos de shapes diferentes, 42 tipos de rodas e uns 27 rolamentos. E as lixas então? Pra quê tanta estampa? No meu tempo comprava lixa d’água preta e colava em casa.”

Essa e outras “reclamações” eu tenho escutado e lido aos montes por aí… gente que ainda não entendeu que o skate, assim como tudo mais, evoluiu.

Mas não, bom mesmo era chegar na loja e comprar aquele skate pesado, cheio de plástico (grabber, saboneteira, lapper…) e com as famigeradas “rodinhas sabão”. O máximo que podia escolher era a arte no shape.

 

Claro, digo isso na minha experiência (e de grande parte da galera com quem eu andava), de não ter grana para comprar peças gringas ali entre o final dos 80’s e o começo dos 90’s. Quem podia buscar um shape Santa Cruz, umas rodas G-Bones e outras coisas, era uma minoria. No geral a gente andava com o que a grana alcançava (bom, isso na verdade não mudou muito).

Hoje existem várias coisas a serem tomadas em conta ao montar um carrinho: tamanho, fórmula, dureza e o formato de rodas – cada qual para uma tipo específico de uso, e algumas até bastante overall. O mesmo para os shapes: dá para escolher a madeira que é construído, o formato, uma infinidade de tamanhos, o concave, lâminas coloridas… e mais modelos e alturas de trucks, bushings e por aí afora. E tem gente que acha isso ruim, que é muito complicado de entender.

Então prefere vestir a armadura de tiozão cringe e sair dizendo que o skate foi gourmetizado.

Parece que é mais fácil sair xingando (e as redes sociais facilitam bastante esse comportamento) do que tentar entender e aprender que, dependendo do tipo de rolê que você pretende – street, bowl, cruiser, dhs... – existe uma gama enorme de peças específicas, que não só facilitam a evolução, como também dão mais segurança ao praticante.

Eu já estou mais perto dos 50 do que dos 45 anos, e sinceramente prefiro os tempos atuais, onde posso escolher exatamente as peças para meu tipo de rolê, ou então montar um carrinho que se preste a várias coisas. E poder pagar por isso!

Claro, um skate top ainda é bem caro, inacessível para muitos, mas existem opções nacionais para tudo, e de alta qualidade, que não vão te deixar na mão. E bem mais baratas, é só pesquisar um pouco.

Ninguém vai deixar de ser skatista por ter a humildade de ir numa skateshop perguntar sobre peças e aprender um pouco, para poder saber o que escolher. Ou mesmo conversar com a galera mais nova sobre isso.

Até mesmo com o pessoal oldschool que ainda está na ativa – mas por favor, que sejam dos que não estagnaram no tempo e evoluíram junto com o skate!

 

 



Max Rivera

Skatista oldschool, anda de skate por puro amor ao carrinho.

Criador da Lisco Skateboarding Co. e entusiasta do skate feminino. Vive o skate no seu dia a dia, entusiasta do skate for fun, antes de mais nada. Porque a base de tudo ainda é aquela session com a galera, a resenha, as risadas e a diversão.

A evolução e as tricks são consequência.

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