Quando você começou a fotografar e de onde surgiu a ideia?
Minha história na fotografia começou aos meus 14 anos de idade. Nos anos 80 eu ficava alucinado de ver alguns fotógrafos profissionais (hoje amigos) com as câmeras enormes fazendo seus click's em campeonatos, eternizando momentos.
Logo pensei "Quero fazer isso também!", mesmo não tendo condição financeira para comprar uma câmera. Ao entrar na faculdade de Comunicação Social no ano de 1995 comprei minha primeira Nikon, e me tornei assistente direto do professor de fotografia. Até ganhava um dinheiro dos alunos, já que eles não gostavam de fotografia e de ficar no laboratório de revelação. O cheiro de revelador que para a maioria era horrível, para mim era um cheiro muito agradável.
O que te levou a fazer fotos de esportes radicais?
O amor pelo skate e a satisfação de ser skatista. Ambos me levaram a ler e entender as manobras para se fazer um bom click, no moment certo. Tenho comigo que fotografar esportes é a união de uma adrenalina que metade dela está com o atleta e a outra encontra-se com a experiência e percepção de quem está fotografando. O fotógrafo precisa estar em sincronia com o atleta, e a escolha do ângulo e o moment certo, fazem com que o esportista e o fotografo sintam a mesma vibe no resultado final.
Por que o skate?
Com 12 anos de idade, quando vi a garotada do bairro descer a minha rua com skate, foi paixão à primeira vista. Me lembro como se fosse hoje... Chamei meu pai e perguntei “Porque não estou ali? Só eu não tenho, você me dá um?" e a resposta foi sim, o papai te dá. Mas a minha mãe foi contra, falando que era um negócio perigoso e que para rachar a cabeça não precisaria de muito tempo. Chorei muito mas não fiquei parado. Arrumei um trabalho escondido e assim consegui montar um skate com peças usadas. As manobras foram aparecendo, porém, o skate não era muito bom. Troquei de emprego para poder comprar um skate melhor e consegui ter um skate profissional. Me lembro bem: Um Urgh! model Killer.
Você viaja muito a trabalho? Isso é uma vantagem da profissão?
Hoje não viajo tanto como antes. Os tempos mudaram e a concorrência acaba limitando as viagens, mas as vezes elas acontecem. Na profissão viajar não é toda a vantagem, a vantagem está realmente no prazer de fazer e no que você é capaz de fazer com uma câmera nas mãos. Para mim essa é a vantagem da fotografia: O olhar único.
Qual foi o evento em que você mais gostou de trabalhar? Ou mesmo uma trip para algum lugar…
São três. Um foi o Vans Park Series, campeonato que eu sempre fui fissurado. O segundo foi o Piscina Classe D, com gravação do clip de “Não Viva em Vão” do Charlie Brown Jr e o terceiro foi o XGames que rolou aqui no Brasil.
No skate, qual é o atleta que você acredita ter um grande potencial e pode se destacar nos próximos anos?
Essa é fácil!!! O skatista é filho do cara que me ensinou a dropar na extinta Polato Skate Park nos anos 80's. O nome dele é Raphael Ueda, filho do Lincoln Ueda e tenho certeza que daqui dois anos ele estará no cenário mundial do skate, correndo campeonatos e se destacando como atleta profissional.
Quais são os teus objetivos para o futuro?
Fotografar ainda mais o esporte que eu amo, ter novas e boas oportunidades dentro da cena e continuar a batalha para que nós fotógrafos de skate tenhamos a
oportunidade de cobrir os campeonatos sem passar por constrangimentos no momento de se credenciar. Com respeito e reconh⁶ecimento pelo trabalho que vem
sendo feito ao longo da história, poderemos seguir retratando todos os bons momentos do nosso skate.
Para finalizar, você é tão bom no skate quanto na fotografia?
Não, embora ando periodicamente e já tenha participado de algumas sessões alucinantes com meus ídolos Christian Hosoi, Tony Hawk, Cofox, Sergio Negão, Dinho, Sallada, entre outros. Hoje fotografo mais do que ando.
Agradecimentos?
Nessa altura da minha vida começo meus agradecimentos me curvando a Deus e a minha mãe por sempre acreditarem em mim e me permitirem fazer somente o que gosto. Agradeço a compreensão da minha esposa em aceitar o que eu nasci para viver. Aos meus amigos do skate e da fotografia, que estão sempre somando para as boas sessões e para os melhores click’s da vida. Viva o skateboard!
Nome completo: Ricardo Brito
Instagram: @fotografo_ricardobrito