“Skate raiz é na rua e pronto! Quem anda em pista não é de verdade.”
Calma gente… não sou eu que estou falando isso.
É uma ladainha que cansei de ouvir por aí e resolvi comentar com vocês.
Uma das situações que mais escuto isso é quando se fala de ir andar em uma pista particular. “Ãin, mas tem que pagar pra andar! Isso não é skate roots, na rua não precisa pagar”.
Que absurdo alguém investir uma baita grana e tempo para construir uma pista (ou um complexo de pistas) e ainda ter a audácia de querer cobrar dos outros para que possam andar!
Ah, e junto com essa choradeira normalmente vem aquela conversa de “meus ídolos e inventores do skate em Dogtown andavam na rua, sidewalk surfing, saca?”
Esses aí convenientemente se esquecem que essa mesma galera (e diga-se de passagem: não foram os inventores do skate!) também andava nas piscinas vazias, construíam half pipes de madeira para se divertir e tudo mais. Pois estas piscinas começaram a ser emuladas nos bowls construídos especificamente para o skate. E foram evoluindo para os banks, parks… muitos deles particulares sim.
Para essa galera resmunguenta eu pergunto: o que fazer nos dias de chuva? Mesmo a galera do street fica sem ter onde andar, talvez salvo alguns picos embaixo de viadutos e pontes.
E é aqui que eu quero chegar: as pistas, públicas ou não, são parte importante do skate. Têm um papel enorme quando falamos em treinamento, evolução e por que não, diversão. E nem sempre o poder público está disposto a construir pistas – quem dirá pistas bem feitas, não as aberrações que estamos cansados de ver.
É quando entram em cena aqueles que resolvem apostar e investir no skate construindo pistas privadas. Eu não vejo com o mesmo horror de alguns a possibilidade de andar em um pico bem cuidado, muitas vezes coberto e até climatizado, e “ter que pagar” por isso!
Claro que muita gente não tem condições de pagar os preços que alguns lugares cobram, mas existem alternativas acessíveis. É a criatura deixar de tomar duas cevas ou um corote na balada que já paga umas horinhas de diversão em alguma pista!
Então não me venham mais com esse papo de que skate roots é rua, e pista é pra “playbas endinheirados” que não vivem o skate de verdade.
Pensem comigo, para quem curte street, possivelmente as ruas sejam mesmo a melhor opção. Mas vendo a enorme ocupação das skateplazas que eu conheço, começo a imaginar se todo mundo pensa o mesmo. Indo mais longe na minha divagação: em um dia frio pacas, ou chuvoso, ou quando precisa treinar mais sério para aquele campeonato que está chegando, será que as pistas pagas não são uma opção mais interessante?
E quem é da transição então! Nem todas cidades possuem parks ou bowls públicos. Algumas podem até ter umas miniramps. Que normalmente são abandonadas e possuem um piso tão áspero que se a pessoa cair, com certeza deixa meio quilo de pele no chão!
Então qual o problema em pagar para se divertir em uma pista de madeira de vez em quando? Ou naquele bowl de concreto lisinho e coping blocks bem resinados?
Isso não vai fazer ninguém menos skatista do que aquela galera andando na praça do centro da cidade.
Já diziam os Rolling Stones: “I know, it’s only skateboarding but I like it!”.
(ah, não era assim a letra?)
Max Rivera Skatista oldschool, anda de skate por puro amor ao carrinho. Criador da Lisco Skateboarding Co. e entusiasta do skate feminino. Vive o skate no seu dia a dia, entusiasta do skate for fun, antes de mais nada. Porque a base de tudo ainda é aquela session com a galera, a resenha, as risadas e a diversão. A evolução e as tricks são consequência. . |