No final dos anos 70, o skate começava a ter uma vida própria e principalmente urbana. Já não possuía tantas ligações com o surf, e cada vez mais nas cidades grandes, este esporte começava a decolar.
Junto com essa urbanidade toda, também vieram os problemas sociais, marginais e o skatista começou a ser visto como alguém que não se encaixava nos padrões de comportamento em sua época. Lembro por exemplo do meu pai me perguntando: “Caramba, meu! Tem tanto esporte bacana para se praticar... Por que você não joga vôlei, tênis, natação?? Vai escolher justamente andar de skate!?!”
E nos anos 80, o skatista era muito ligado a uma ideologia, como a grande maioria dos jovens da época. Haviam headbangers, rockabillies, góticos, skinheads e os punks, que certamente eram a escória da juventude nesta década. Muitos skatistas então tinham uma ligação muito forte com o punk rock, mais até que alguns skatistas americanos!
Surge daí um termo que apesar de não ser aceito por todos, de certa forma existiu nessa época: O Skate Punk.
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Era muito comum numa festa, se ver um cara vestido de roupas de grife de skate como calças da Stanley, tênis de skate, como Alva e Mad Rats, camisetas brasileiras “chupadas” da Powell Peralta, Santa Cruz... Mas também tinham os caras que andavam com jeans rasgados, jaquetas de couro, um tênis de cano alto, camisetas de bandas punk, ou uma camisa social fechada até o pescoço, com o boné de aba virada para cima!
Graças a esta grande identidade, era muito comum se ver os skaters misturados aos punks e skins nos festivais da época onde a porrada e a “skatada” comia solta.
E bandas como Ratos de Porão, Cólera, Grinders, Virus 27 faziam a cabeça da galera junto com os grandes Dead Kennedys, Sex Pistols, Ramones, The Exploited , Agent Orange e por aí vai!
Um disco que marcou muito a época foi uma coletânea nacional chamada “Ataque Sonoro”, que, na minha opinião é o supra sumo do punk rock paulistano!”
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Os freestylers por outro lado, buscavam coisas mais obscuras e faziam suas sessões ao som de Sisters of Mercy, Cocteau Twins e Section 25.
Já nos anos 90, uns migraram para o hardcore da época, e grande maioria dos streeteiros (na época não era muito comum tanta modalidade como temos hoje) começou a ser fã de RAP, tanto nacional, quanto os de fora. Os Racionais MCs ainda não eram conhecidos de todos, e nem mesmo o famoso Thaide. Public Enemy estava no auge, e era comum ver skatistas andando com patuás de couro com o mapa da África no pescoço, junto com um boné de times da NBA como Lakers e Raiders. Os tênis cano alto já começavam a ceder espaço para o cano médio, as calças começaram a ficar bem mais largas e a tão famosa moda de “mostrar as cuecas” começava a surgir! E voltando a parte musical um álbum que foi bem constante nas pickups da época era o “Hip Hop – Cultura de Rua”.
Uma coisa é fato: Tenham sido punks, B-Boys, playboys, ou qualquer outra tribo, faccção ou qualquer nome que se dê, uma coisa que ninguém pode negar é que acima de qualquer gosto musical, lifestyle, ou ideologia, um skatista sempre respeita e vai respeitar o outro, porque acima de tudo, está o amor que todos tem por um esporte, que apesar de mais individual que seja, é um dos que mais agregam os atletas que o praticam.
Grinders – Ande de Skate ou Morra | Grinders – Skate Gralha (clássica!) |
The Sisters of Mercy – This Corrosion | Public Enemy – Don’t Believe The Hype |
Section 25 – Inspiration | MC Jack – Centro da Cidade |