Quem nunca pediu para o amigo dar a rodinha porque estava gasta? Ahahahaha... Desligando o modo quinta-série. Sabemos que hoje e sempre, as peças e equipamentos de skate de qualidade nunca foram baratos e que para alguns ainda é um sonho ter um skate novinho, ou mesmo de tirar o plástico de um shape. Para alguns isso pode soar de uma forma absurda, mas sim, existem skatistas com pelo menos três anos de skate no Brasil que nunca tiveram a oportunidade de tirar o plástico de um shape novo. Agora alguns (acredito que poucos) estão se perguntando como um skatista anda de skate se não consegue comprar as peças? Mas isso é bem simples: eles dependem da ajuda dos outros e essa ajuda nem sempre vem de graça. Às vezes elas podem ser derivadas de venda de peças usadas.
É legal ver que hoje existem skatistas que já saem para o rolê com peças a mais, mas não para se as deles quebrar, mas sim para doar caso alguém precise, pois neste mesmo mundo ainda é bem comum ver vídeos de skatistas destruindo peças boas só para ser legal ou mesmo familiares de skatistas que jogam as peças no lixo.
Só que quando falo de ajuda eu não quero também só me ater às doações de peças, pois temos por aí milhares de skatistas tentando viver de skate. E esses não precisam de ajuda? Claro que precisam, e muitas vezes eles só precisam que você compartilhe um vídeo ou uma foto, até mesmo uma palavra para fortalecer. Como criador de vídeos é bem comum ver amigos divulgando vídeos da Thrasher e ignorando os meus, mas isso com o tempo se torna comum, porém não seria legal também fortalecer o corre dos amigos mais próximos?
Pensando por este lado, também temos skatistas que fizeram a história do skate e hoje estão largados por aí, personagens que muitas vezes as pessoas gostam de tirar uma foto juntas, mas não compartilham o corre dela, não compram o seu model e nem mesmo dizem que pagariam para estar num evento onde este skatista poderia estar andando e recebendo cachê.
Chegando neste ponto, não é triste pensar que um dia aquele menino que fez o corre para muitos ainda estarem com o skate no pé hoje, vivem uma vida adulta onde tem que procurar bicos fora do skate para se manter. E neste caso não estou falando de gente encostada, de skatistas que ficaram sentados esperando cair no colo, estou falando de skatistas que realmente fizeram o possível para se manter na ativa, mas que por falta de apoio da própria cena acabaram sendo deixados de lado. É óbvio que não vou mencionar nomes aqui, mas acho um absurdo hoje existirem alguns desses em trampos que dependendo pagam apenas um salário mínimo...
Ficou pesado o final? Sim, pois hoje existem muitas atitudes simples de se tomar que poderiam estar fomentando a cena. Já sei que muitos vão achar que falar destes problemas não fortalece, mas por experiência, ficar assistindo e na vibe Go For It não colocou comida no prato de ninguém. Infelizmente temos de nos dar ao trabalho de falar sobre este tipo de assunto chato bagarai para ver se a galera entende e procura de encaixar em seu cotidiano formas de tentar fortalecer toda nossa cena, deixando bem claro: a cena nacional não é feita por três mídias e meia dúzia de famosos! Se você não fortalece o resto é uma simples questão de tempo para o skate chegar num patamar tão esquisito que a essência vai se tornar uma palavra vazia, sem sentido, ou basicamente um folclore da história. #eusouskatista
Marcelo Sanzoni Skatista, com o trabalho em mídia no Canal Eu Sou Skatista desde 2016, militante do skate e sempre focado em divulgar a cultura e a essência do skate, transmitindo pelo menos duas lives por semana no Instagram a mais de um ano e dando voz a lendas, skatistas do dia a dia e fomentadores do skate, aquele que já entrevistou do menino do bairro até Sergio Negão e Tony Hawk, sempre por amor ao skate!. |