Você é Skatista?

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Quem tem acompanhado meus textos, ou melhor, minhas divagações skatísticas, deve ter notado que quase sempre toco no ponto de “ser skatista”.

Eu sempre pensei sobre isso, conversava com a galera naqueles momentos de resenha entre um drop e outro na miniramp do IAPI (pista clássica que fica aqui em Porto Alegre), até que um dia eu fui apresentado a um certo canal do instagram, onde o apresentador ao final da live sempre pergunta ao convidado: “para você, o que é ser skatista?”.

Claro, estou falando do canal Eu Sou Skatista, e o apresentador é o Marcelo Sanzoni (também colunista aqui da casa), que com o tempo acabou por se tornar um grande amigo!

Pois sempre que assisto às lives, eu espero particularmente pela parte final, para ouvir o que a pessoa entrevistada tem a dizer sobre ser skatista. Acho muito bacana ouvir o que a galera pensa sobre isso.

Para quem ainda não conhece o canal, eu recomendo muito, pois são mais que entrevistas, são conversas descontraídas sobre os mais diversos assuntos – e que frequentemente vão muito além do skate.

Entenderam o que eu quis dizer com “divagações skatísticas” no início do texto? Hehehe...

Vamos voltar ao assunto da nossa conversa de hoje: o que é ser skatista?

O skate é algo enorme, muito além do ato de especificamente andar de skate. Envolve toda uma cultura. Melhor dizendo, envolve toda uma gama de culturas: desde a música, gírias, comportamento, fotografia, artes plásticas e até mesmo moda.

Por exemplo, usar roupas de marcas de skate ou ter um skate não te converte automaticamente em um skatista.

Aliás, definitivamente saber mandar 364 tricks no corrimão também não faz a pessoa ser skatista, se faltar humildade.

Já dizia o Chorão: “tem que saber chegar, tem que esperar sua vez”.

Faz parte de ser skatista, o respeito pela galera no pico, seja pista, ladeira, quadrinha, ou aquele secret spot. Tem que respeitar quem está andando ali e quem está só passando (se for um spot no centro da cidade, por exemplo).

E uma das coisas que eu acho fundamental é ter a mente aberta para novidades. Como por exemplo, com a música. Eu normalmente gosto de andar de skate ouvindo punk rock. Mas tem vezes que cai bem um reggae ou um ska.

Hoje a molecada já passou do punk, do hip hop e está ouvindo outras coisas como funk ou trap. E daqui a pouco vem uma nova geração com outro gosto musical e que vai estar acompanhando o rolê deles, os vídeos...

Eu sei que vários que acabaram de ler isso já deve estar me xingando, mas o respeito pelo individual do outro faz parte da nossa cultura. Não existe essa de que para ser skater de verdade tem que escutar Dead Kennedys. Se alguém curte andar com Dolly Parton ou Anitta em seus fones, isso não faz da pessoa menos skatista do que aquele cara que anda ouvindo Circle Jerks. Ou Racionais. Isso tudo só ficando na música. Não vou nem tocar no assunto de roupa, porque aí já daria pano (badum-tsss!) para no mínimo mais uns dois parágrafos!

Mas a ideia é essa: nós somos uma família, e como tal, temos nossas desavenças, nossos gostos, personalidades diferentes e tudo mais. Nossa diversidade é enorme!

E sabe, talvez essa diversidade em uma única tribo seja o que faz do skate algo tão incrível: esse poder de inclusão, de respeito, de amizade. Ou pelo menos eu acho que assim deveria ser.

Lembrem-se, eu de maneira alguma tenho a pretensão de vir aqui criar regras, dizer o que é ou não permitido fazer – ou ser – em cima de quatro rodinhas. Ou até mesmo fora delas, porque para ser skatista não necessariamente precisa estar andando de skate.

Aliás, muito de ser skatista se faz fora das pistas, das ruas, mas com suas atitudes, sua maneira de viver e tratar os demais. O tal lifestyle, saca?

O que não dá é querer ficar inventando regrinhas trouxas e mandamentos, apesar de muitos tentarem fazer. Principalmente os tiozinhos do “no meu tempo é que era de verdade, isso aí agora...” Tem que ter a mente aberta, galera! O skate não é estático, ele evolui.

Enfim, o que eu vim fazer aqui hoje foi externar a vocês um pouco do meu sentimento a respeito de ser skatista. E abrir o debate.  E repetir que não adianta ter o flip na base mas ser arrogante.

Pode ser que todo esse texto pareça uma grande bobagem para muita gente, ser algo utópico. Mas é algo em que eu realmente acredito e tento vivenciar.

 

E para você, o que é ser skatista?



Max Rivera

Skatista oldschool, anda de skate por puro amor ao carrinho.

Criador da Lisco Skateboarding Co. e entusiasta do skate feminino. Vive o skate no seu dia a dia, entusiasta do skate for fun, antes de mais nada. Porque a base de tudo ainda é aquela session com a galera, a resenha, as risadas e a diversão.

A evolução e as tricks são consequência.

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