Quantos de nós já passamos por isso: chegar em uma pista de skate em outra cidade, se sentir deslocado ou até mesmo hostilizado por estar andando ali?
Estou eu lá, de boas tentando o BS Disaster (que insiste em não encaixar) quando um “local” da pista entra na mini rampa tesourando todo mundo, manda todas as tricks que tem na manga e no final manda o bendito BS Disaster, bem na minha frente. E ainda sai olhando feio e resmungando “Poser de m3$%@, aqui é locals only!”. E sobre os ditos posers já falamos nesta outra coluna aqui.
Mas espera um pouco, não estava todo mundo falando que o skate é o esporte mais inclusivo do planeta, onde todos são bem vindos, que skate é família e tudo mais?
Como assim então essa coisa de localismo? Isso não deveria existir no skate!
Mas sim, galera… infelizmente isso existe. Eu já vi acontecer e também já ouvi relatos de muita gente sobre isso, em vários picos do país.
Sabe, pra mim não existe coisa mais idiota que localismo em uma pista de skate: as transições, as caixas, os corrimãos vão estar ali amanhã. Iguaizinhos a hoje. Você vai poder mandar sua linha amanhã, ou depois, ou semana que vem, sem a necessidade de rabear alguém que está conhecendo a pista. Lembrem que pode ser alguém que está iniciando no skate, e o localismo pode ser um fator para abandonar o carrinho. Ou pode ser alguém em viagem, que talvez nunca mais vá ter a chance de andar outra vez no pico.
Então por que não deixar a pessoa se divertir ali? Ao invés de chegar cheio de marra, chega trocando uma ideia, passando a base da pista, mostrando onde tem aquele buraquinho assassino entre a 45 e a pirâmide, pedindo para não velar o coping da mini porque a galera não curte muito. Quem sabe não nasce ali uma nova amizade?
Mas também tem o outro lado claro…
Lembram o que falou o Chorão em “Não Deixe o Mar Te Engolir”?
Então: tem que saber chegar, tem que esperar sua vez.
Por mais que seu nível de skate seja altíssimo, não dá para chegar no pico todo arrogante, desmerecendo quem anda ali, mandando tricks na bota dos outros… humildade é (ou deveria ser) uma das bases mais fortes do skate!
Chega conversando com a galera, se apresenta – e porque não, pede licença. Pode apostar que a partir disso vai ser só diversão! Pode ser que você até tenha a oportunidade de ensinar alguma trick para alguém que está por ali. Vai poder ajudar essa pessoa a crescer e ainda vai estar dando um baita exemplo!
Com certeza você vai sair dali com uma família nova no coração.
Acho que já basta desta baboseira de haoles x locals – isso não pertence ao lifestyle do skate.
Vamos simplesmente andar e se divertir, afinal de contas, não é essa a essência?
Max Rivera Skatista oldschool, anda de skate por puro amor ao carrinho. Criador da Lisco Skateboarding Co. e entusiasta do skate feminino. Vive o skate no seu dia a dia, entusiasta do skate for fun, antes de mais nada. Porque a base de tudo ainda é aquela session com a galera, a resenha, as risadas e a diversão. A evolução e as tricks são consequência. . |